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HISTÓRIAS DE MANACAPURU AOS 92 ANOS DE FUNDAÇÃO 》EU NÃO SOU DE MANACAPURU, MAS FIQUEI SABENDO QUE... Por Adauto Silva Texto e Atualização: Adauto Silva

Atualizado: 17 de jul.

EU NÃO SOU DE MANACAPURU, MAS FIQUEI SABENDO QUE...

Por Adauto Silva

texto e Atualização: Adauto Silva

Colaboração: Clecio Jr. e outro que contaram seus casos e causos em redes sociais que geraram a narrativa do autor.



Princesinha do Solimões, Terra de Gente Boa, Maior Produtor de Fibra do Brasil, essas são algumas das descrições de Manacapuru. A cidade que é o primeiro Polo da região do Rio Solimões, comemorou 92 anos de fundação neste 16 de julho/2024. E por trás desses 92 anos muitas páginas da história de nossa gente foram escritas.


Vamos aqui contar algumas histórias que vivênciei e outras que me contaram.


Vamos falar da Manacapuru, 'Terra de Gente Boa' como a Maroca, Agapito, Chica Doida, Maçaroca, Merrelho, Metralha, passando pela Cléo, Maria Leal, Camazen, Urubu Choco, Vasco, Seu Dico, o querido Amigo Gênio do Pincel, até chegar ao Acácio, e porque não destacar a Coroca o professor Gama, muitas historias e ensinamentos. Muitas figuras folclóricas que escreveram páginas nas lembranas do povo manacapuruense.


Me falaram também do Marigesio, da Xuxa, do Dedé, esse quando alguém lhe perguntar a hora, ele olha para o Sol e não errava uma.


Na Princesa do Solimões de outrora tinha o Visagem que possuia uma carroça, que era anunciada na voz Cabocla, que também fazia suspense quando ia anunciar um velório. Só não podia ir na carroça pro motel do Valney, mas se fosse, tinha que ter coragem de emendar um fio no outro pra ligar o ventilador. Agora, se fosse a pé podia encontrar os cachorros da Cleia.



Muita gente ia para a Praça 16 de Julho ficar rodando por não ter outra opção. Tenho uma boa lembrança do aquário e os pirarucus. Quem nunca jogou pipoca pra eles, mesmo sabendo que não podia?


Igualmente faziam no Festejo de Santo Antônio da Terra Preta, que durante os trezes dias de festas o pessoal ia até o barranco, ouvia a banda do Valney tocar, esperava ele gritar um leilão de uma galinha e voltava pra o início da rua, isso por três vezes, depois iam pra casa. Foi assim, até o trágico fim do festejo e desprezo pelo prédio que era chamado de igreja de Santo Antônio da Terra Preta. Tempo bom e de fé que foi esquecido por seus devotos.


Ah! lembrei que tinha uns que pulavam os muros do Leopoldo Neves e do Cemitério pra comer manga, mas se ficasse doente, porque muitas vezes comiam as frutas quentes, a solução era tomar bezetacil na Zona Zoraida. Outros tantos, iam até aTerra Preta, pulavam o muro do José Seffair para jogar bola na quadra, e de maldade, quando a energia ia embora deixavam a sirene da escola ligada pra quando a energia voltasse, no meio da noite, toda a redondeza fosse acordada com o barulho.



Nos dias de calor ou mesmo depois da escola, como era bom ir lá na Ponta do Vento, tomar um banho no rio ou ficar simplesmente admirando a paisagem ou a procissão fluvial no dia de São Pedro.


Muita gente brincava de ciranda no Tablado de Madeira montado no Campo do Riachuelo, enquanto outros iam pra baixo brexar o fundo das cirandeiras; só leseira pois dava pra ver lá de cima mesmo. Mas naquela poca eram vestidos floridos e uma Calça/Shorte, outro visual.



Mas o legal mesmo era curtir os apagões da Ceam depois que saia da Velha Guarda, depois do Cine Riviera, Valência, Ferro de Engomar, lá no Pai João, Tapiri Bar, Toca do Zico, Pagode da Cidade, Chapéu de Palha, Tringulo, e por fim o Fuxico. Se bem que na época dos apagões muita gente gostava de ir se agarrar atrás da igreja Matriz.


A sede do Princesa, essa era legal, ruim era que muitas vezes tinha que falsificar o carimbo na base da caneta pra poder entrar. E depois que entrava, curtia o som do Kaoma, Aha, Arrepio, Muirakit e Sensao Bumb, entre outros


E no Princesa, sempre acontecia um Carnaval chibata de beleza, (parece que estou ouvindo o Luzimar Leite falando), os bailes das torcidas, as formaturas, bailes de debutantes, carnaval, muita gente ficava rodando entre as sedes do Operário, Valência, Princesa, Dente de Leite, Velha-Guarda, MEC. Mas teve um tempo que as formaturas eram realizadas na Feira o Produtor, as bancas davam espaço para as mesas enfeitadas. Quantos vestidos bonitos apareciam por lá, maioria alugados na loja da dona Olga .


E o Triângulo em! era legal dia de sexta, sabado, domingo nem se fala, mas quando o galeral vinha da Orla, acabava na porrada. Quinta era no Chapéu de Palha. Quase que eu no acho a primeira vez que fui lá, também era de alumínio.


Quem gostava de Cantar ia pro Karaok da Bola, perturbar quem tava de boa tomando uma. Era cada cantor, que meu Deus.


No Campo da Telamazon, onde tinham aqueles pés de caju muito saborosos, piçarral da Aparecida, quadra do Biribiri onde aparecia a mula sem cabea e o homem que virava porco, cavalo. E na Telamazon, aquela perto do Nazar, agora abandonada, o desafio era subir até no alto da torre. Quantas vezes a molecada saia alí do Carlos Pinho para se aventurar no Casarão Mal Assombrado e, ao ouvir um barulho sobrenaturalmente assustador, não pensava duas vezes e saia de lá zimpado. E se nessa corrida, por algum motivo, a gente ficasse com desmentidura, bastava ir ao seu Sabá, no Italiano, Dona Venerena (se escreve assim mesmo?) ou na dona Vicena que tudo se resolvia.


Muita gente ia pro Miriti andando, mas o pessoal gostava mesmo era de ir no Cata Corno. Por falar em Cata Corno, muitas vezes, depois de ter ido na frente fazer as compras, ficávamos esperando ele, cheios de retalhos de chita comprados no Mundo dos Tecidos e sempre tinha aquela abacatada que vinha na garrafinha, acompanhada com pão recheado com picadinho.


Muitos não gostavam de esperar e iam a pé, muitas vezes subindo a ladeira da Eduardo Ribeiro, que parecia não ter fim, e usavam a subida para dar uma paradinha na Churrascaria Mangueira e apreciar o rio, sentir aquela brisa no rosto ou muitas vezes, indo pela Cristo Rei, dando aquela parada ali no Barroso para aparar o pelo (cortar o cabelo).


Na Eduardo Ribeiro, na época da cheia, em frente a câmara municipal, se tornava o point da molecada, subiam no cais, davam saltos mortais e passavam horas a fio brincando ali na beira. Alguns vão lembrar também que na época da novela 'O Salvador da Pátria', a cidade parou no dia que Lima Duarte e Mait Proença estiveram em Manacapuru.


Como esquecer dos vendedores ambulantes? Como esquecer daquele pão manual de verdade, do cara na bicicleta, 5:30 da manhã gritando "PADEEIIIIIRO". Por falar em pão... Bora alí na Panificadora Esmeralda, comprar aquele pão "massa grossa" bem quentinho, ou ao Canto do Roxinho, o restaurante Rodoviário...quantos locais, quantas lembranas.


Muita gente esperava sempre os "pexeiros", com o peixe batendo aba ainda, para tratar e fazer aquela caldeirada no almoço. Se a noite faltasse energia, bastava esperar o professor Gama e sua promoção, "5 velas por apenas 1 real".


Agora, não podemos esquecer o balé da professora Rucilene, esse tava em todos os eventos, muito legal. Por falar em Professor, porque não lembrar do Edmundo, Sofim, Elival, Laurinete, Cristovam, Nazaré Queiroz, entre outros grandes e históricos educadores de nossa gente. Falando em educação, lembrei das primeiras edições do Jempu, época em que as torcidas ficavam gritando "passou, passou, passou um avio e nele tava escrito que o 'fulano' é campeão" ou então gritavam em coro: : Pirirأ­, Poror, o 'ciclano' d ######". Aida bem que depois veio a garrafa Pet e eles passaram a bater na arquibancada e gritar menos.


Por falar em músicas, não tem como esquecer os jingles das campanhas eleitorais... "não sou eu que falo, é o que todo mundo está falando".... . Outra: "14236, 14236, 14236 Paulo Freire ... Auxiliadora, vereadora, Auxiliadora vereadora."


E o Gilbertão, nosso estádio na época que foi construído era a coisa mais longe do mundo, mas foi um orgulho pra todos nós, principalmente para os grandes atletas do futebol amador e profissional da Terra da Ciranda. Destacar aqui o 'Paçoca', um dos primeiros amazonenses a jogar na maior vitrine do futebol brasileiro. Paçoca jogou no Botafogo e também foi orgulho para o futebol manacapuruense, outro destaque foi o Rildo, ele tem no currículo ter sido o Manacapuruense a fazer o primeiro gol no estadio Gilbertão, a aprtida foi Princesa do Solimões 1 X 1 Nacional. Quanto aos torcedores, quem nunca esperou terminar o primeiro tempo, para entrar no estádio de graça no intervalo? A maior lembrança que muita gente tem não é dos jogos de futebol, mas as apresentações que rolaram por lá, principalmente a dos Trapalhões, o show dos Menudos (ou seria Polegar ou Dominó? (não lembro bem quem era).


Manacapuru acabava (ou começava, depende do seu ponto de vista) ali perto do PAC, numa placa onde, nos finais de tarde ou mesmo em qualquer horário, era comum sentar e ficar apreciando o movimento, especialmente dos ônibus que saiam do terminal rodoviário que ficava ali em frente, onde hoje é a igreja dos Mormons, na Pedro Rates, dali seguiam para Manaus. E ir a  Manaus naquele tempo era um acontecimento, algo que muitos contavam como se uma verdadeira conquista.


A estrada nem se fala, das balsas aos buracos, das paradas no Miriti e no Ariaú para comer, para ver muitas vezes o cabo da balsa arrebentar e ela ir descendo o rio. Falando em estrada, lembrei daquele caminhão Fenem, do Paraná, que parecia que ia se desmontar a qualquer curva ou buraco. Lebrar aqui do Carlinhos, que era o "tratorista" da Sotral, daquele caminhão da Madeiral.


Hoje, andando pela nossa rodovia nos resta, depois de décadas, reconhecer que a duplicação se tornou realidade e com ela vieram os prós e contras, porém, muito mais positivo do que negativo.


Só não foi bom para o festival de Cirandas, na época da balsa, pela dificuldade de vir e volta pra Manacapuru, o pessoal começava chegar quarta, quinta, sexta e até no sábado, e tem mais, só voltava no domingo e segunda-feira. A cidade ficava uma loucura, sexta-feira, passar em frente ao Parque do Ingá era difícil com tanta gente na rua.


Depois da Ponte, fora os que normalmente vêm pra Manacapuru nos fins de semana e os que têm vínculo com a festa, são poucos os que vêm pra ficar na cidade. Os outros, por sinal poucos em relação ao passado, chegam a noite e voltam na madrugada, a final de contas, a viagem de volta pra casa na madrugada, apesar de perigosa, sai mais barato que procurar hotel ou pousada pra ficar, e o que é pior, durante o dia nossa cidade não tem muita a oferecer para os visitantes. Graças a Deus e a essa exuberante natureza que temos o Miriti, nossa única opção para entretenimento popular público.


E o Gasoduto, esse muita gente vai lembrar de histórias. Pense num tempo que correu dinheiro em Manacapuru. Muitos empregos foram gerados, muita gente ganhou dinheiro em diversos serviços e seguimentos financeiros da construção do Gasoduto, mas vamos contar aqui apenas algumas particularidades do período áureo do Gasoduto em Manacapuru.


Pense numa época chibata, a cidade ficou sorridente, tinha festa boa, sexta, sábado, domingo, mas a melhor mesmo era a 'Quinta do Bolero'. Era lá no Sesc, eu dificilmente perdia uma, e depois ainda ia tomar a soma de feijão lá no Lanche do Andre', isso tudo pra poder aguentar o trampo pela manhã. A 'Quinta do Bolero' juntava os manacapuruenses que gostavam de bolero, os engenheiros e encarregados do Gasoduto, e outros que iam como convidados ou curiosos, aí a festa ficava bacana no balde. Era comum toda quinta-feira uma atração nova. Lembrar aqui do saudoso Sidney Pereira, o Ceguinho que animava a noitada com suas diferentes vozes. Cantava empolgado como se tivesse vendo a nossa alegria no salão. Foi a época que mais as 'meninas paradas no tempo' dançaram, porque tinha uma cavalheiro pra cada dama.


Por falar em Gasoduto, lembrei de um fato interessante e verídico, porque eu fiz a pesquisa. Alguns frequentadores da área nobre do Cais do Porto, começaram a reclamar que as meninas estavam cobrando R$ 80,00 por 'love', não que não valesse, o problema foi que, segundo eles, passou de R$ 30,00 para R$ 80,00 da noite pro dia. Como não foi só uma que comentou, resolvi investiga. Uma bela noite estava eu na praça da Cohabam, quando uma das meninas veio me cumprimentar, eu aproveitei e a convidei pra sentar e ficamos aconversar. Quando vi que tinha ganho a confiança dela, pois a tratei com respeito, eu toquei no assunto e perguntei o porquê da super inflação amorosa.


Ela, a jovem que também trabalha na área, me contou que uma amiga, (assim vamos tratar a personagem em respeito a ela) contou para as colegas que tinha saído com um coroa do gasoduto e ele lhe teria dado R$ 80,00 e ainda disse que elas tinham que se valorizar, pois mereciam. As meninas olharam umas para as outras e daí pra frente o pacto foi firmado. "É oitenta! se quiser, se não quiser o pessoal do gasoduto paga, ora".


Foi bom par as meninas porque também conseguiram tirar proveito do período onde todos ganhavam um dinheirinho a mais. O problema só veio depois do fim da obra. Os engenheiros e encarregados foram embora, a procura pelo serviço diminuiu e um novo pacto financeiro teve que ser firmado por elas. Como muita gente tinha ganho um dinheirinho a mais, elas conseguiram pactuar o preço de R$ 40.00 por Love, dez a mais do que era cobrado antes da demanda aumentar. Reduziram o preço para manter clientela, mas que deu saudades dos engenheiros, ah! isso deu mesmo.


Ainda nesse tema do Gasoduto, muita gente comprou lancha nova, restaurantes cresceram, prefeitura faturou mais, hotéis ganharam dinheiro ( uns até ampliaram sua estrutura, mas teve uns que nem se quer terminaram a obra e o gasoduto acabou primeiro).


Quantas coisas para lembrar!

- Como era bonita a Praa 16 de julho e seu aqurio. O 'Pirarucu' est em nossa memria at hoje. "Vem dizer que voc nunca jogou um pouquinho da sua pipoca no aqurio, mesmo sabendo que no podia"?. Nem vem falar em 'Melitos' nessa poca no tinha isso no. Era Pipoca.


- A sede do Princesa, um luxo para a poca. Pena que ela que nos deu tantos prazeres ficou dcadas abandonada por conta de uma disputa judicial e depois foi demolida. No lembraram de fazer o tombamento antes. Mas se ela tivesse falado antes de seu fim, teria nos deixado um grande legado de histrias de vida, de amores, de separaes, mas sobre tudo, boas lembranas de nossa gente.


- As cirandas, que magia de simplicidade. Um verdadeiro espetculo onde a chita, o brilho, o sorriso e o entusiasmo dos nossos cirandeiros da poca, superavam alegorias, plumas e partes.


- A Orla em..., lugar de famأ­lias.


- O mercado Municipal, carto postal.


- As tardes danantes, nossos passeios nas praas, uma Paz.


- Ir atrs do carro da SUCAM, para ficar noiado, cheirando aquela fumaa;


- As brincadeiras na escola, os apelidos, sem se preocupar com bullyng;


- Os canecos e pratos azuis da merenda, a bolacha doce com o achocolatado, a farofa de jab, as provas cheirando a alcool do mimegrafo;


- Usar flor na escola e ficar cuspindo por uns 3 dias. Puts e quando tinha a vacina, aquela da pistola.


- As tardes na casa da cultura, pesquisando na enciclopdia Barsa;


- Reclamar do preo da xrox no professor Edmundo.


- O festival de Cirandas, que do tablado de madeira ao Parque do Ing, perdeu a sua excencia para acompanhar a evoluo cultural e Folclrica do Estado.


- Pulava o Muro do Sesc pra poder tomar banho de piscina.


Muitos vão relembrar apenas de ler e ficar na imaginação, outros, moravam ou ainda moram em Manacapuru, mas não conheceram essa realidade.

E existem os privilegiados que podem dizer "EU VIVI TUDO ISSO NESSA TERRA DE GENTE BOA"


"Se você quiser nos contar partes dessa história tão rica e cultural, envie seu relato para nosso WhatsApp: 991396430"



Do autor: O material aqui apresentado faz parte do livro 'Histórias de Manacapuru: casos e causos da Princesa do Solimões', em elaboração.

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